‘Os desafios e práticas da comunicação popular’ foram discutidos no Curso Vito Giannotti de Comunicação Popular na tarde desta sexta-feira (14).
A luta pela ocupação de espaços de comunicação que, em tese, deveriam atender interesses da sociedade, foi apontada como uma necessidade para garantir a efetivação do direito à Comunicação no país.
Exemplo disso, é a discussão necessária sobre a digitalização do rádio e dos sinais de televisão, trazidas por Rachel Bragatto, integrante do Intervozes Coletivo de Comunicação Social, e por Thiago Novaes, pesquisador nessa temática e integrante da Plataforma Digital Radio Mondiale – Brasil.
Em sua fala Rachel apontou que esse não é um debate necessariamente técnico mas é, em grande medida, também político. Pela fato da transmissão de som e imagem se dar por ondas de radiofrequência (de forma resumida, pelo ar), cabe ao Estado Brasileiro definir a ocupação desse espectro, que é um bem público. “Por ser um bem finito, existem vários tipos exigências, que dificultam a ocupação popular desse espaço”, aponta.
Thiago também apontou a necessidade de brigarmos por esse espaço. “A luta do espectro é a luta do ar”, indica. “E é uma luta no ar, que criminaliza as pessoas aqui na terra”, lembra, se referindo a criminalização de comunicadoras e comunicadores populares que optam por desenvolveer formas de comunicação contra hegemônica, através de rádios livres, por exemplo. Segundo o pesquisador, a digitalização do rádio e da TV fornecem enormes possibilidades para democratizar a comunicação no país.
Ocupando espaços
Welligton Lenon, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, trouxe os desafios a serem enfretados pelo movimento e a importância da comunicação popular no combate a mídia hegemônica. “Desde a sua criação o MST é criminalizado pela grande mídia. Cada marcha, ocupação, nós somos criminalizados”, aponta. Segundo ele, para combater isso, o setor de comunicação do movimento discute a produção de materiais como fotos, notícias, programas de rádio, e assesoria de imprensa.
O MST já chegou a contar com mais de 26 emissores de rádios comunitárias e livres no Paraná, construídas de formas coletivas. Para Lenon, ocupar esses espaços é necessário.
“Nós temos que fazer, sim, a disputa de ideias. A gente precisar ocupar e se aproporiar dos meios de comunicação e dizer que eles não nos representam”.