Inspirado na experiência organizada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), do Rio de Janeiro, o curso cumpre o papel de debater as atuais experiências de comunicação popular que rompem o atual latifúndio da mídia.
O Curso de Comunicação Popular chegou à sua terceira edição no Paraná e tornou-se um espaço para a militância, estudantes e um público mais amplo qualificar-se no debate da comunicação.
Aos poucos, começa a se consolidar no Paraná a cultura de realizar uma vez por ano um curso massivo, diverso, que envolve desde oficinas com técnicas de comunicação, agitação e propaganda, passando pelo debate sobre o marco regulatório das comunicações no Brasil.
Inspirado na experiência organizada pelo Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), do Rio de Janeiro, o curso cumpre o papel de debater as atuais experiências de comunicação popular que rompem o atual latifúndio da mídia.
Mas, os debates do curso refletem a preocupação de que a criação de meios alternativos e populares deve estar combinada com a crítica ao oligopólio da comunicação, concentrado nas mãos de dez famílias no Brasil, que atuam hoje como verdadeiro partido político em defesa da agenda neoliberal.
Com cerca de 200 participantes, em 2015 o curso revelou que o tema da produção midiática tem um forte atrativo entre estudantes e entre um setor de jovens que não está na militância política, mas também busca formas para produzir a sua própria comunicação.
E, no âmbito dos sindicatos, movimentos e entidades sociais, partidos de esquerda e organizações, o curso caminhou elaborando as seguintes perguntas: como fazer uma comunicação que converse com o povo? Como encontrar a linguagem certa para isso? Como articular melhor as experiências que já existem? Vale notar, ao lado da ampla participação nas mesas do curso, o excelente caderno de debates reunido com artigos dos educadores/as que deram oficinas.
Outras questões são superadas no próprio percurso e práxis da coordenação do curso, que envolve também uma diversidade de organizações. Já não se recorre mais a dualidades como comunicação popular versus trabalho jornalístico; fazer mídia alternativa versus disputar a mídia hegemônica; aproveitar a tecnologia e difusão das mídias táteis ou fazer um trabalho fotográfico profissional; criticar o monopólio ou buscar espaço nas redes sociais etc. A compreensão parece ser que todas essas tarefas e espaços estão colocados para as forças populares, com a necessidade de ocupar todas essas frentes.
Os compromissos definidos na plenária final do curso apontam bem essa tendência.
Com muita animação e energia, com mística e um sarau feminista, com debate político e mão na massa, o curso de comunicação popular já espera ansioso a sua participação no próximo ano. Ou, o que é urgente, a organização de um curso na sua própria cidade ou localidade.
Os compromissos da Plenária final do Curso de Comunicação Popular:
1 – Reforçar as experiências de comunicação unitárias dos movimentos sociais;
2 – Conseguir assinaturas pelo Projeto de Lei da Mídia Democrática (PLIP);
3 – Defender a necessidade de uma mídia pública no Paraná, que não esteja a serviço do governo de plantão;
4 – Potencializar na comunicação o método da Educação Popular;
5 – Lutar contra a criminalização de rádios comunitárias, comunicadores populares que realizam um trabalho comprometido com o povo e contra a criminalização de jornalistas profissionais;
6 – Articular por meio do site do curso e formar uma rede de contatos entre participantes e interessados;
7 – Acompanhar o plano nacional de outorga de rádios comunitárias;
9 – Fomentar o debate de mídia e software livres;
10 – Fomentar o debate de necessidade de experiência de incubadoras e espaços para rádio e TV;
11 – Interiorizar a experiência dos cursos e do debate de democratização da mídia;
12 – Fomentar e articular coletivos de comunicação comprometidos com a mídia alternativa;
13 – Fomentar a formação permanente em torno do tema da comunicação.
Ednubia Ghisi, Camilla Hoshino e Pedro Carrano, da coordenação do Curso.