Por Dayse Porto
‘A comunicação como estratégia de luta para a classe trabalhadora’ foi tema de mesa de debate do 3º Curso de Comunicação Popular, na manhã desta sexta-feira (14).
Presente no evento, o cubano Alcides Nailovis García Carrazana, integrante da Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba Movimentos) citou as experiências de lutas revolucionárias na América Latina e no Brasil, e lembrou a necessidade de articular estratégias para além das estruturas governamentais.
Destacando a importância da disputa política, Alcides afirma que a problematização da comunicação do ponto de vista político é essencial para a formação de profissionais e para a produção de conteúdo de comunicação. Segundo ele, se nos concentramos apenas em produzir, reduziremos nossos resultados finais apenas ao capital. “Não se pode construir o socialismo legitimando modelos de forma de produção capitalista”, ressalta.
O curso de comunicação popular se apresenta, portanto, como ferramenta de formação para o enfrentamento dessa lógica que entende a comunicação como uma parte do processo e não como meio integrante desse processo. Construir uma alternativa a essa hegemonia a fim de conquistar a democratização da comunicação, está intrinsecamente ligado a enfrentar o modelo vigente que transforma a comunicação em capital, segundo as observações do integrante do movimento revolucionário de Cuba.
Representante do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), Maria Mello destacou que, apresar de a Comunicação ser um direito humano fundamental individual e social previsto na legislação, tem acesso limitado. No Brasil, 10 famílias empresariais concentram 70% de toda a mídia do país.
Segundo ela, o atual cenário político do país está totalmente relacionado a atuação dos meios hegemônicos de comunicação. “A mídia é o partido do capital, mas cada vez mais ela é o próprio capital”, avalia Maria, afirmando que essa configuração dupla dos meios de comunicação – a de ferramenta contra o capital e parte constituinte dele – torna a luta por medidas democratizantes bem mais complexa.
“O Estado deve impedir mecanismos de censura aos meios de comunicação e, ao mesmo tempo, criar um cenário que viabilize a liberdade expressão do ponto de vista plural”, destaca.
Joana Tavares, representante da Frente Quem Luta Educa, de Minas Gerais e integrante do jornal Brasil de Fato, afirma que é necessário pensar a Comunicação Popular de forma que ela chegue a mais pessoas. A internet, por exemplo, é uma importante ferramenta com potencial transgressor muito marcado nas manifestações atuais. “Mas não se trata simplesmente de manter as pessoas bem informadas”, lembra Joana, que destaca o potencial da Comunicação Popular para criar consciência política.
3º Curso de Comunicação Popular
O Curso Vito Giannotti de Comunicação Popular do Paraná prosseguirá com os debates no restante deste dia 14, e nos dias 15 e 16 de agosto.